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São Jorge

Geossítio: S. Jorge – Centro

 

Área da freguesia: 18,3 Km

 

Localização: Latitude: 32.827150

                      Longitude: -16.907487

 

Duração: 2h

 

Toponímia: S. Jorge (topónimo que reflete a cultura religiosa) - santo guerreiro, padroeiro por analogia das suas forças às das ribeiras que circundam a freguesia.

 

Achadinha (topónimo que reflete a topografia) – pequena chã ou planície.

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Fig. 1 - Geossítio 5 - São Jorge. Adaptado de Carta geológica da ilha da Madeira (Folha B) na escala 1:50000 (Brum da Silveira et al., 2010).

Estatuto Legal: Igreja Matriz de S. Jorge é, desde 1995, considerado Monumento de Valor Local, pela Direção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC).

 

Enquadramento Geológico: complexo vulcânico superior - Unidade dos Lombos e do Funchal indiferenciadas (CVS1-2)

Objetivos:

- Observar as casas típicas de S. Jorge.

- Identificar as diferentes aplicações da pedra.

- Conhecer a Igreja Matriz de S. Jorge e o Moinho da Achadinha.

- Reconhecer a importância da calçada madeirense no património cultural da ilha.

 

Descrição:

Neste geossítio pode observar a “Casa de Palha”, casa típica da freguesia de S. Jorge. Casas de quatro águas, muitas vezes designadas de casas redondas, pelo aspeto redondo da sua cobertura, com telhado de colmo.

 

Estas casas são compostas por um sótão, onde se guardavam produtos agrícolas (por exemplo as sementes), e um piso térreo, geralmente área habitacional, que se encontrava dividido em duas partes separadas por um frontal. Dependendo do declive do terreno, algumas casas têm também uma cave, vulgarmente designada de loja, este compartimento tanto podia servir de arrecadação, como de quartos de dormir.

A área habitacional servia essencialmente de dormitório, o quarto do casal e o quarto dos filhos, por vezes, este quarto era dividido com uma cortina de pano, de forma a separar os rapazes das raparigas. O acesso ao sótão pode ser feito tanto por dentro (por um alçapão), como por fora (pela porta do sótão) com o auxílio de uma escada. A cozinha era uma construção à parte, também com cobertura de colmo, onde para além de se confecionar a comida, se realizavam outras tarefas, como bordar, coser roupa, fiar, e outros trabalhos ligados à agricultura e às lides domésticas.

 

 

Desde 1420 que a pedra tem vindo a ter imensas aplicações na ilha da Madeira, passando o património geológico natural a fazer parte do integrante património edificado madeirense.

 

Na ilha da Madeira, segundo Carvalho e Brandão (1991), a maioria das formações geológicas, cujas rochas vulcânicas são utilizadas e aplicadas como pedra natural, distribuem-se por dois conjuntos distintos.

 

Um primeiro conjunto é constituído por «rochas básicas, efusivas», (ou rochas extrusivas, ou vulcanitos) muito compactas, ou igualmente porosas e vacuolares, designadas popularmente por rochas “faventas”. São conhecidas por cantarias “duras” ou “rijas” (ou pedras lavradas). Este tipo de «rochas vulcânicas porosas apresenta uma textura uniforme de granularidade fina a média e cor cinzenta, mais ou menos escura», (Gomes e Silva, 1997).

 

Um segundo conjunto, corresponde aos materiais piroclásticos (fragmentos lávicos). São grosseiros e desordenados, resultantes da actividade vulcânica explosiva, consolidados ou sedimentados, encontrando-se em abundância nas zonas centrais da Ilha da Madeira. Estes materiais piroclásticos, «ditos de projeção», existem em grande variedade de materiais, desde enormes blocos a cinzas muito finas, designadas por “feijoco ou fajoco”, “lapilli” e “areão”. São, de aspecto «vesicular e esponjoso», por vezes pouco consistentes e apresentam em certos casos o aspecto de brechas mais ou menos grosseiras e noutros, apresentam-se como tufos. Estes tipos de materiais, são conhecidos popularmente por cantarias “moles”, são de textura mais variada do que as cantarias “rijas” ou “duras” e afiguram-se com tons de vermelho, castanho, amarelo e verde (Gomes e Silva, 1997).

 

Em toda a área envolvente à Casa de Palha pode identificar as diferentes aplicações da pedra, tais como: base da casa de palha, muros, fontenário, pavimentação, pequena mó, pias, pizões, moinhos de mão, gamelas ou gamelões para dar de comer aos animais, pedra da vara do lagar e as diferentes litologias que as constituem, nomeadamente: basalto, traquibasaltos e traquitos (“cantaria rija”). O que demonstra que o homem, desde sempre, soube tirar partido das características da pedra natural.

Visite a Igreja Matriz de São Jorge, edificada em 1761, pois é considerada o ex-libris do património edificado do Concelho, por ser a maior igreja da Região de estilo barroco. Esta igreja apresenta destroços da primeira igreja da freguesia construída em 1475, no sítio do Calhau de São Jorge. Para além do seu porte grandioso, segundo Rui Carita (2013) esta igreja possui um painel de azulejos únicos em Portugal na cúpula, um altar-mor em talha dourada e um belo conjunto de pinturas. No átrio da igreja pode observar a típica calçada madeirense, constituída por calhaus de praia rolados.

Localização: Latitude: 32.820023            Longitude: -16.914965

 

 

No sítio da Achadinha, permanece uma memória viva do património cultural madeirense edificado, o Moinho da Achadinha, de reconhecido valor etnográfico, com cerca de 300 anos de idade, sendo o seu atual proprietário, o Sr. Lino Albino Mendonça. Este moinho movido a água tem como função a moagem do trigo, centeio e milho, que são produzidos na freguesia de S. Jorge. Atualmente mói mais milho do que trigo e a população ao entregar estes cereais para moer, não paga, ficando o Sr. Lino Mendonça com uma percentagem da farinha. A água que chega ao moinho é proveniente da montanha, do Ribeiro Bonito, sendo canalizada pela levada do Rei.

 

Observe as pedras de “cantaria mole” que constituem as paredes do moinho, com elevado grau de alteração, e as diferentes mós utilizadas na moagem dos cereais, uma de calcário e outra de mármore, (provenientes do continente), que são usadas, de acordo com o tipo de cereal a moer e a dimensão pretendida do produto resultante da moagem.

 

Numa das divisões do moinho, encontrará uma cozinha típica onde pode observar a existência de um forno a lenha. Este forno é feito com rochas de cantaria mole, devido às suas características refratárias.

 ROTEIRO    GEOturístico

 

no concelho de Santana

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