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As massas emersas que corporizam a Madeira e o Porto Santo constituem um exemplo típico de magmatismo oceânico intraplaca, com génese associada a um hotspot (fig. 2) (ou ponto quente, isto é, uma zona superficial isolada caracterizada por um fluxo de calor anómalo), derivado, segundo Morgan (1971), de uma pluma mantélica – uma corrente colunar ascendente de material sólido, com menor densidade e viscosidade, mas maior temperatura, do que o material circundante.

 

Para oeste, sul e sudeste do grupo Madeira-Desertas-Porto Santo encontra-se a designada planície abissal da Madeira (80000 km2), domínio oceânico de grande profundidade (fig. 3), associado, à semelhança dos vários relevos submarinos que a ladeiam – e.g. Crista Madeira-Tore –, à génese do Oceano Atlântico e evolução da crusta oceânica, desde o Triásico, quando teve início a separação da Pangeia, até aos nossos dias (Carvalho & Brandão, 1991).

 

Enquadramento Geotectónico

O arquipélago da Madeira, limitado a NE pelo arquipélago dos Açores, a norte pela intitulada Falha Açores-Gibraltar – que funciona como fronteira tectónica entre a placa Africana e a homóloga Euroasiática – e a SE pelas Canárias, localiza-se em termos geotectónicos no interior da placa litosférica Africana (fig. 1), na terminação SW de um alinhamento de montes vulcânicos imersos, distribuídos desde a plataforma ibérica cerca de 900 km também para SW (Sousa, 2006).

 

No que diz respeito ao cessar da atividade vulcânica na Madeira, tal terá ocorrido, respetivamente, há cerca de 6000 anos. Deste facto não se pode deduzir, que o vulcanismo no arquipélago esteja extinto, na medida em que na história vulcanológica de outras ilhas com génese igualmente extrusiva – e.g. Fuerteventura, no arquipélago das Canárias, onde teve lugar um período de tranquilidade vulcânica de cerca de 8 Ma, ou em Niihau, no Havai, com um intervalo vulcânico de 2,5 Ma, ou, ainda, em Santiago e Sal, no vizinho arquipélago de Cabo Verde – não são incomuns os interregnos eruptivos (Mata, 1996).

 

Prada (2000), na sequência do exposto no parágrafo anterior, alude ao facto de ainda persistirem reminiscências secundárias de vulcanismo na Madeira (descobertas, segundo a autora, aquando da abertura de túneis e consubstanciadas na libertação persistente de CO2, não associado, portanto, a uma simples fracturação das rochas), o que poderá indiciar um período de acalmia em termos de atividade vulcânica e não extinção vulcanológica.

 

Referência, no término destas reflexões geotectónicas, para a profusão de lineamentos tectónicos que existem na ilha (fig. 4), muitos dos quais com uma extensão superior a 1000 metros, num total que atingirá o meio milhar de quilómetros (Prada, 2000).

 

 ROTEIRO    GEOturístico

 

no concelho de Santana

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